A possibilidade de criar uma bebida de sabor ajustado às tuas preferências e com atenção aos pormenores que mais te agradam é um dos grandes estímulos para experimentares fazer cerveja em casa. Mas há uma questão que surge de imediato: será fácil produzir esta bebida no conforto do lar?
Por um lado, fazer cerveja nunca foi tão fácil como agora. O acesso facilitado a informação, ingredientes e a todo o tipo de equipamentos, para orçamentos variados, permite a confeção de cerveja de forma cómoda em casa. Por outro lado, o processo está ligado a diversos detalhes, entre cálculos de quantidades, temperaturas e etapas com regras específicas, pelo que qualquer distração pode deitar tudo a perder. A distância entre o sucesso e o fracasso pode ser curta.
Material recomendável

O primeiro passo para começar a produzir cerveja é reunir o material necessário para facilitar o controlo de todas as condições. Os elementos mais importantes para qualquer uma das 3 formas que te apresentamos são:
Termómetro: para controlar a temperatura do mosto, quer ao longo da brassagem e ebulição, quer também para saber quando adicionar as leveduras.
Hidrómetro ou densímetro: serve para medir a densidade do mosto antes da fermentação, e da cerveja depois da fermentação. O objetivo é apurar qual a quantidade de açúcar antes e depois da fermentação, e desta forma calcular o grau de álcool que a cerveja terá.
Colher comprida: utilizada para mexer o mosto.
Sanitizante: para desinfetar devidamente os equipamentos a usar.
Balança digital: útil para as medições necessárias.
Balde de fermentação: Onde a magia da fermentação irá ocorrer, sendo absolutamente necessário que possa ser fechado hermeticamente e que tenha um orifício em cima para colocar o borbulhador. De preferência deve ter uma torneira/válvula na parte inferior de forma a facilitar o posterior enchimento de garrafas.
Borbulhador: Ao ser colocado com um pouco de água na parte de cima do fermentador, permite a libertação do CO2, evitando ao mesmo tempo a entrada de elementos externos para dentro do fermentador, que poderão contaminar a nossa querida produção.
1. Kit com receita

Se vais fazer cerveja pela primeira vez e procuras um método mais acessível, recorrer a um produto que implique o menor número de passos possível pode ser a resposta. Neste caso, é possível comprar kits de cerveja pensados para estreantes nestas andanças, que incluem o mosto previamente preparado em latas.
Do que precisas?
- Kit de iniciante: inclui lata de produto composto e levedura
- Água
- Balde fermentador
- Panela
Várias opções, nomeadamente em sites como a Amazon ou o Mr. Beer, prometem conseguir replicar em casa alguns dos estilos de cerveja mais icónicos, como a IPA ou a Stout. Para confecionar a cerveja, terás de misturar os diferentes elementos numa panela e seguir as instruções que acompanham o kit, que também poderás encontrar facilmente na Internet.
Numa primeira fase, deves verter o conteúdo da lata numa panela com água, sendo que gradualmente poderás ter de adicionar açúcar e mais água, mediante as necessidades da receita ou o comportamento do líquido. Equipamentos como o termómetro e o hidrómetro vão ajudar-te a controlar todo o processo antes, durante e após a fermentação. O líquido é depois transferido para garrafas, garrafões ou barris, devendo repousar num ambiente fresco durante alguns dias. Cerca de duas semanas depois, poderás finalmente provar a tua cerveja.
2. Produção em panela

O método tradicional para fazer cerveja em casa envolve um maior grau de dificuldade quando comparado com o método anterior. Neste caso já não existe uma lata com o concentrado de mosto preparado, pelo que é necessário traquejo no manuseamento do equipamento e matérias primas, bem como nas diferentes etapas da produção da cerveja.
Do que precisas?
- Malte em grão ou já moído
- Água
- Uma panela
- Lúpulo
- Leveduras
Como aqui não há um produto preparado previamente, terás de ser mais interventivo nas diferentes etapas da produção. Sem a ajuda da lata, tens de trabalhar com os grãos de malte – previamente moídos ou moídos por ti, de modo a que o amido e outras componentes do malte se possam dissolver na água, formando assim o mosto cervejeiro.
Durante a brassagem, em que juntas o malte à água fazendo uma espécie de infusão, existem algumas variantes: os grãos moídos podem ser colocados diretamente na panela, o que implicará uma filtragem mais morosa; podem ficar dentro de uma pequena bolsa presa à panela; ou podem estar dentro de bolsas que ocupam o diâmetro total da panela – a chamada técnica BIAB (brew in a bag), uma das que tem assumido maior popularidade nos últimos anos. O bom uso do termómetro nesta fase é fundamental, de forma a garantires corretamente os patamares de temperatura que permitem a ativação das enzimas. São estas que irão quebrar o amido em açúcares mais pequenos e fermentáveis.
Na fase seguinte, a da ebulição, é quando adicionarás o lúpulo. É muito importante ter em atenção os timings certos para esta adição. Lembra-te que quanto mais cedo adicionares o lúpulo, mais características de amargor serão conferidos à cerveja e, quanto mais tarde, mais os aromas ficarão marcados.
Antes de adicionares a levedura e de dares início à fermentação, é imprescindível baixares a temperatura do mosto. Um equipamento extra que te ajuda a tornar este processo mais rápido é uma serpentina de arrefecimento.
Em média, este processo de produção até ao início da fermentação pode durar entre quatro e seis horas. Já a fermentação normalmente terá a duração de uma a duas semanas, e após esta etapa, a cerveja deve ser armazenada durante cerca de mais duas semanas em garrafas, ou noutro recipiente, num espaço fresco, sendo que só depois se deve refrigerar. O passo seguinte é provar.
3. Produção em máquina all-in-one
Mediante um maior investimento financeiro, podes ter a vida facilitada com máquinas smart que fazem a cerveja de forma mais autónoma e com um processo muito controlado. É certo que esta opção não está ao alcance de todas as carteiras, mas é uma área que, dados os bons resultados, está cada vez mais em voga entre os amantes da cerveja.
Estes aparelhos simplificam todo o processo de produção da cerveja artesanal, em que podes contar com controlo de temperatura, fermentação e estabilidade da bebida, muitas vezes recorrendo até a aplicações compatíveis com Android e iOS para interação com o equipamento. Uma maior segurança reduz também os erros na receita, riscos de contaminação e outros problemas no processo em geral.
Há máquinas para todos os gostos, desde modelos mais simples – por exemplo, com cápsulas semelhantes às de café – até equipamentos mais complexos e com maiores possibilidades de personalização da bebida. No segundo caso, e à medida que o processo produtivo vai avançando, vais sendo alertado pelo equipamento relativamente ao que deves fazer, desde a extração da dreche até à inoculação com a levedura, passando pela adição do lúpulo.
Em suma, são vários os métodos ao alcance dos amantes de cerveja que querem aprender a produzi-la. Seja qual for o que escolheres, lembra-te de usufruir ao máximo da experiência. O importante é que o teu gosto por cerveja continue a transportar-te para novas aprendizagens e a fazer-te abrir horizontes.




